Paradoxo Consumista Moderno
No
mundo atual, com a produção em larga escala de produtos e que advém dos avanços
tecnológicos e da melhoria dos processos de produção, vivenciamos uma avançada
etapa de desenvolvimento industrial que nos moldes capitalistas se reflete em
um consumo massivo de bens e serviços, dando origem ao termo “sociedade de
consumo”, que se caracteriza pelo desejo incansável de se produzir novidades
afim de atender a insaciável vontade de se consumir de uma forma padronizada e
massificada onde se consume o que se está na moda como forma de inclusão
social. Este contexto no mundo globalizado onde as desigualdades
socioeconômicas são enormes, criou-se uma necessidade sem procedentes de que
precisa-se “ter” para “ser”.
O conceito de vida do "ter" e do "ser" é bem definido pelo psicanalista Erich Fromm na sua obra Ter ou Ser, na qual ele faz uma análise deste paradoxo social. Para Fromm o conceito do "ter" define a postura do indivíduo agindo exclusivamente com intuito de acumular bens privados sem que haja necessariamente objetividade nestas aquisições. O indivíduo passa a fundir sua identidade existencial as aquisições materiais feitas ao longo da vida.
"No modo ter, não há relação viva entre eu o que eu tenho. A coisa e eu convertemo-nos em coisas, e eu a tenho porque tenho o poder de fazê-la minha. Mas há também uma relação inversa: ela tem a mim, porque meu sentido de identidade, isto é, de lucidez, repousa em meu possuí-la. O modo ter de existência não se estabelece por um processo vivo e criativo entre o sujeito e o objeto; ele transforma em coisas tanto o sujeito, como o objeto. (FROMM, p.88)"
"O modo ser tem como requisito a independência, a liberdade e a presença de razão crítica. Sua característica fundamental é a de ser ativo, não no sentido de atividade externa, de estar atarefado, mas no sentido de atividade íntima, de emprego criativo dos poderes humanos. Ser ativo significa manifestar as faculdades e talentos no acervo de dotes humano de que todo ser humano é dotado, embora em graus variados. Significa renovar-se, evoluir, dar de si, amar, ultrapassar a prisão do próprio eu isolado, estar interessado, desejar, dar. Contudo nenhuma dessas experiências possa ser expressa em palavras. (FROMM, p.97)"
Com a globalização da economia e dos processos produtivos uma radical transformação ocorreu nas estruturas e nos fatores produtivos no mundo inteiro. As características desta mudança podem ser resumidas em alguns pontos: tendência ao imaginário dominante das mídias; criação de polos sociais devido ao disparate financeiro; personificação do consumo como expressão social. As mudanças geram impacto na vida social, na cultura, no trabalho e em toda cadeia produtiva e de consumo. Mudam-se os valores neste contexto social: é o novo, o efêmero, o individualismo que passa a valer como expressão social.
O conceito de vida do "ter" e do "ser" é bem definido pelo psicanalista Erich Fromm na sua obra Ter ou Ser, na qual ele faz uma análise deste paradoxo social. Para Fromm o conceito do "ter" define a postura do indivíduo agindo exclusivamente com intuito de acumular bens privados sem que haja necessariamente objetividade nestas aquisições. O indivíduo passa a fundir sua identidade existencial as aquisições materiais feitas ao longo da vida.
"No modo ter, não há relação viva entre eu o que eu tenho. A coisa e eu convertemo-nos em coisas, e eu a tenho porque tenho o poder de fazê-la minha. Mas há também uma relação inversa: ela tem a mim, porque meu sentido de identidade, isto é, de lucidez, repousa em meu possuí-la. O modo ter de existência não se estabelece por um processo vivo e criativo entre o sujeito e o objeto; ele transforma em coisas tanto o sujeito, como o objeto. (FROMM, p.88)"
Já no que diz respeito ao modo de vida do "ser", a base
conceitual está lastreada no íntimo humano que se apresenta de forma subjetiva,
onde há preponderância na valorização da expressão das suas emoções,
sentimentos e pensamentos. Neste modo de vida é a expressão de subjetividade do indivíduo que importa.
"O modo ser tem como requisito a independência, a liberdade e a presença de razão crítica. Sua característica fundamental é a de ser ativo, não no sentido de atividade externa, de estar atarefado, mas no sentido de atividade íntima, de emprego criativo dos poderes humanos. Ser ativo significa manifestar as faculdades e talentos no acervo de dotes humano de que todo ser humano é dotado, embora em graus variados. Significa renovar-se, evoluir, dar de si, amar, ultrapassar a prisão do próprio eu isolado, estar interessado, desejar, dar. Contudo nenhuma dessas experiências possa ser expressa em palavras. (FROMM, p.97)"
Com a globalização da economia e dos processos produtivos uma radical transformação ocorreu nas estruturas e nos fatores produtivos no mundo inteiro. As características desta mudança podem ser resumidas em alguns pontos: tendência ao imaginário dominante das mídias; criação de polos sociais devido ao disparate financeiro; personificação do consumo como expressão social. As mudanças geram impacto na vida social, na cultura, no trabalho e em toda cadeia produtiva e de consumo. Mudam-se os valores neste contexto social: é o novo, o efêmero, o individualismo que passa a valer como expressão social.
Em
termos sociólogos, o ato de consumo se caracteriza como forma de “ação social”,
onde o padrão de consumo acaba por definir em qual grupo social o sujeito se
insere. Esta inserção a grupos sociais, é descrito pelo
sociólogo alemão Georg Simmel como sendo possível graças ao poder que o
dinheiro exerce nas interações sociais, no que tange a liberdade de “mobilidade
interior e exterior” e na autonomia da personalidade.
Em uma sociedade consumista, o status social define-se pelo poder econômico. A aceitação social passa a ser diretamente influenciada pelos grupos dominantes. O desejo de se inserir nestes grupos hegemônicos, faz com que o indivíduo passe a consumir baseado nestas referências, geralmente o distanciando do referencial de consumo do grupo ao qual realmente pertence.
Analisando o paradoxo consumista do "ter" em detrimento do "ser" em uma ótica filosófica, é possível ver o distanciamento do indivíduo consumista dos princípios éticos tão difundidos pelos pensadores ao longo da história, vale ressaltar dentre eles Sócrates e Aristóteles. Ambos acreditavam em uma felicidade interior para o indivíduo respaldado pelo seu caráter e suas virtudes, que direcionaria as condutas do indivíduo. Para Aristóteles nós somos reflexo das nossas condutas e decisões, e isso nos leva a pensar no real propósito de quem vende seu corpo atrás da prostituição afim de manter um patamar de vida ao qual não pertence, ou na configuração familiar do casamento baseado em união de bens e não de indivíduos como descrito por Erich Fromm:
"Agora, em vez de amar um ao outro, ajustam-se para possuir o que possuem juntos: dinheiro, posição social, casa, filhos. Desse modo, em certos casos, o casamento iniciado na base do amor, converte-se numa propriedade amigável, uma empresa em que os dois egoísmos juntam-se num interesse: o da 'família'. (FROMM, p.61)"
Por fim, fica a mensagem de Erich Fromm para uma reflexão sobre a alienação ao qual o indivíduo é exposto nesta atmosfera consumista:
"Essas pessoas não sabem que ao desfazer-se das muletas da propriedade, podem começar a utilizar suas próprias forças e andar por si mesmas. O que as mantém atadas é a ilusão de que não poderiam andar por si mesmas e que entrariam em colapso se não estivessem amparadas pelo que possuem. (FROMM, p.98)"
“[...] a
economia monetária possibilitou inúmeras associações que demandam de seus
membros apenas contribuições em dinheiro, ou orientam-se por um mero interesse
monetário. Desse modo, de um lado foi permitida a pura objetividade na condução
da associação [...] o sujeito foi libertado dos laços restritivos, porque agora
está vinculado ao todo [...] por meio do dar e receber” (SIMMEL, p.53)
Em uma sociedade consumista, o status social define-se pelo poder econômico. A aceitação social passa a ser diretamente influenciada pelos grupos dominantes. O desejo de se inserir nestes grupos hegemônicos, faz com que o indivíduo passe a consumir baseado nestas referências, geralmente o distanciando do referencial de consumo do grupo ao qual realmente pertence.
Analisando o paradoxo consumista do "ter" em detrimento do "ser" em uma ótica filosófica, é possível ver o distanciamento do indivíduo consumista dos princípios éticos tão difundidos pelos pensadores ao longo da história, vale ressaltar dentre eles Sócrates e Aristóteles. Ambos acreditavam em uma felicidade interior para o indivíduo respaldado pelo seu caráter e suas virtudes, que direcionaria as condutas do indivíduo. Para Aristóteles nós somos reflexo das nossas condutas e decisões, e isso nos leva a pensar no real propósito de quem vende seu corpo atrás da prostituição afim de manter um patamar de vida ao qual não pertence, ou na configuração familiar do casamento baseado em união de bens e não de indivíduos como descrito por Erich Fromm:
"Agora, em vez de amar um ao outro, ajustam-se para possuir o que possuem juntos: dinheiro, posição social, casa, filhos. Desse modo, em certos casos, o casamento iniciado na base do amor, converte-se numa propriedade amigável, uma empresa em que os dois egoísmos juntam-se num interesse: o da 'família'. (FROMM, p.61)"
Por fim, fica a mensagem de Erich Fromm para uma reflexão sobre a alienação ao qual o indivíduo é exposto nesta atmosfera consumista:
"Essas pessoas não sabem que ao desfazer-se das muletas da propriedade, podem começar a utilizar suas próprias forças e andar por si mesmas. O que as mantém atadas é a ilusão de que não poderiam andar por si mesmas e que entrariam em colapso se não estivessem amparadas pelo que possuem. (FROMM, p.98)"
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